Dependendo dos gostos da pessoa com quem se está, é preciso
rever os conceitos da utilidade do conhecimento sobre áreas que, até então,
eram consideradas sem importância, ou até mesmo inexistentes, inúteis, fúteis,
e mais um cem nome de adjetivos proferidos ao gosto do personagem: você. Se
este é o seu caso.
Pode ser, por exemplo, que algum dia você leve um chute na
poupança porque, por infelicidade do destino marcou um dos seus primeiros encontros
em uma adega, o pretendente é amante de vinhos, e você paga o mico de dizer
que também ‘a-do-ra’ tomar vinho e gosta muito ‘daquele’ que tem o nome do santo
que só acredita vendo, e é vendido em garrafão na venda da esquina.
E é possível fazer pior que isso: além de não entender nada
do assunto, passar sessenta por cento do tempo em que estão juntos discorrendo
sobre a falta de utilidade que é entender ou apreciar uma bebida que tem gosto
de um líquido morno que normalmente não se bebe (salvo àqueles que tem mania
de beber essa coisa também), mas isso é outro caso.
Se a pessoa com quem você saiu aprecia vinhos realmente, ao
ponto de ‘perceber algo de sublime no líquido rubro e perfumado’ e você cometeu
algum dos erros acima entre tantos outros equivalentes dos quais poderia ter
sido autor também, e depois foi dispensado sem aparente motivo, mandado pra
lixeira sem dó nem piedade, e até hoje se pergunta: - Por que não deu certo?
Será que foi o vinho? Pode começar a ter certeza.
O vinho tem seus poderes de sedução. Numa situação dessas em
que o autor do chute é amante do objeto criticado e que foi impiedosamente banalizado
por você, que depois dessa é vítima do fora que está em questão, havemos de
ser minimamente justos não tirando totalmente a razão de quem o chutou. Ninguém
é obrigado a apreciar o que não lhe agrada só por que seu ‘amor’ gosta. Mas
se é se ‘amor’ que está em jogo, comece a entender de vinhos.
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